terça-feira, 1 de outubro de 2013

Outubro Rosa: câncer de mama e psicologia

Hoje inicia-se o mês de Outubro, e aproveito para falar diretamente as mulheres, porém sem deixar de lado os homens. No mês de Outubro há um movimento chamado ‘Outubro rosa’. Este movimento visa chamar atenção da população, principalmente a feminina, com relação ao câncer de mama e da importância deste ser diagnosticado precocemente, reduzindo assim os riscos e o avanço da doença.

O movimento popular internacionalmente conhecido como Outubro Rosa é comemorado em todo o mundo. O nome remete à cor rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades.

A ação de iluminar de rosa monumentos, prédios públicos, pontes, teatros e etc. surgiu posteriormente, e não há uma informação oficial, de como, quando e onde foi efetuada a primeira iluminação. O importante é que foi uma forma prática para que o Outubro Rosa tivesse uma expansão cada vez mais abrangente para a população e que, principalmente, pudesse ser replicada em qualquer lugar, bastando apenas adequar a iluminação já existente.

A popularidade do Outubro Rosa alcançou o mundo de forma bonita, elegante e feminina, motivando e unindo diversos povos em torno de tão nobre causa. Isso faz que a iluminação em rosa assuma importante papel, pois tornou-se uma leitura visual, compreendida em qualquer lugar no mundo.

A primeira iniciativa vista no Brasil foi a iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista (mais conhecido como o Obelisco do Ibirapuera), em São Paulo. Logo após, a cada ano, mais cidades começaram a participar do movimento iluminando desta cor monumentos públicos, prédios alertando a população sobre o câncer de mama e a importância da mamografia.

O câncer de mama é com certeza uma das doenças mais temidas pelas mulheres devido à grande  frequência com que ocorre, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a sexualidade e a imagem pessoal da mulher que o vivencia, sendo devastadora tanto em termos físicos e psíquicos. O diagnóstico de câncer e todo o processo da doença são vividos pelo paciente e pela sua família como um momento de intensa angústia, sofrimento e ansiedade.

O diagnóstico de câncer de mama pode vir a provocar um desequilíbrio naquilo que as mamas sempre representaram para uma mulher. A vida da paciente passa a correr riscos não só pela doença, mas pela intervenção que virá a ser adotada, que poderá ser mutilante (Farina, 2002). Uma série de preocupações passa a tomar conta do pensamento dessa mulher: o medo de ser estigmatizada e rejeitada ao tomarem conhecimento de sua doença, a possibilidade de disseminação da doença pelo seu corpo, a queda do cabelo e o efeito disso sobre sua autoestima, a incerteza quanto ao futuro, sua sexualidade e o seu relacionamento com o parceiro e com os filhos e principalmente o medo da recidiva (Brenelli & Shinzato, 1994).

Se no homem é o pênis o principal símbolo de suas características e de sua sexualidade, é na mama que fica o maior símbolo de sua identidade feminina.

A primeira reação de uma mulher ao receber o diagnóstico de câncer de mama e da iminência da perda do seio, é uma tentativa, mesmo que nula, de salvação deste órgão adoecido, esse fato pode estar relacionado com o significado da mama para a mulher (Brenelli & Shinzato, 1994).

O atendimento psicológico se faz então de extrema importância, principalmente durante o diagnostico e tratamento, como forma de possibilitar a essa mulher uma melhor reflexão e enfrentamento do câncer e do seu tratamento. Assim como apoio para se necessário enfrentar a cirurgia de mastectomia (retirada da mama). É preciso fortalecer a autoestima da mulher, que se mostra abalada pela doença, a identidade e autonomia desta mulher.


Referencias:

Brenelli, H.B., Shinzato, J.Y. (1994) Terapia de apoio à pacientes com câncer de mama. Em: DIAS, E.N. Mastologia Atual. Rio de Janeiro: Revinter.
Farina, M. (2002). Sofrimento físico e emocional: um estudo psicanalítico em pacientes com câncer de mama. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo –ICHC, São Paulo.






terça-feira, 24 de setembro de 2013

Psicologia e Cirurgia Bariátrica

De acordo com a Portaria 360 editada pelo SUS em 06/07/2005, e a Resolução CFM 1942/2010, faz-se necessário Avaliação Psicológica dos pacientes que se submeterão a gastroplastia. A obesidade é uma doença multifatorial que envolve componentes genéticos, metabólicos e endócrinos, comportamentais, sociais e psicológicos, é função do psicólogo investigar, orientar e preparar o paciente para:

1) Compreender intelectualmente e psicologicamente todos os aspectos envolvidos no pré, trans e pós-operatório, bem como viabilizar suporte familiar constante;
2) Comprometer-se a seguir todas as orientações clínicas e psicológicas, as quais devem ser mantidas indefinidamente;
3) Verificar a ausência de distúrbios psicológicos graves, história recente de tentativa de suicídio, alcoolismo, dependência química.

As cirurgias antiobesidade são procedimentos de alta complexidade. A obesidade é identificada pelo acúmulo de gordura - de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) é diagnosticada pelo cálculo do “Índice de Massa Corporal”. Este é um padrão reconhecido internacionalmente, determinado pela divisão do peso (Kg) pela altura (M²) ao quadrado. Quando este índice (IMC) estiver entre 35 e 39.9, temos pacientes com obesidade moderada. Entre 40 e 49,9, considera-se obesidade mórbida. Nos casos que for igual ou superior a 50, denomina-se superobeso. Pacientes com índice variando entre 35 e 39,9 podem submeter-se a gastroplastia quando apresentarem: problemas cardíacos, apneia do sono, osteoartrites ou artralgias, hipertensão, dislipidemias e diabetes tipo II, entre outras.

Essas dificuldades de natureza psicológica podem estar presentes entre os fatores determinantes da obesidade exógena (reativa), ou entre as conseqüências, na obesidade endógena ou de desenvolvimento em que a pessoa apresenta excesso de peso desde o começo da vida e tende a vivenciar e a confundir os mais variados desejos com necessidade de alimento. Seu emocional é abalado pelas dificuldades, limitações e sofrimento por ser obeso. 

A avaliação e o trabalho psicológico pré e pós-operatório são de fundamental importância. Muitos pacientes resistem ao atendimento psicológico na etapa pré-cirúrgica, alegando não ter necessidade, pois já estão decididos. O atendimento psicológico não visa a convencer ninguém a fazer a gastroplastia e sim preparar essa pessoa, para que possa passar pelo processo cirúrgico e, conseqüentemente, de emagrecimento, de forma saudável e tranqüila. Também não cabe ao psicólogo o impedimento da realização da cirurgia, mas o de prepará-lo pra essa mudança não só corporal como de vida.

Na maioria das vezes o paciente não percebe a necessidade do acompanhamento psicológico, mesmo apresentando seu emocional abalado. Esse nível de ansiedade precisa ser diminuído, é um processo que deve acontecer com calma, já que a cirurgia bariátrica não afeta apenas o estômago, como também a mente e o emocional do paciente, envolvendo a formação de uma nova identidade em que precisará construir uma nova relação com a comida e com o meio, nas relações e nos papéis desempenhados por estes. 

No pré-operatório é importante a reflexão por parte do paciente e terapeuta a respeito da obesidade, das expectativas em relação à cirurgia, dos riscos, benefícios esperados, além de fornecer informações sobre do procedimento pelo qual irá se submeter, orientá-lo e direcioná-lo para que o emagrecimento ocorra de forma saudável e tranquila, sem desestruturá-lo psicologicamente e emocionalmente. Por outro lado, no pós-operatório, o trabalho é voltado à nova fase de adaptação a diferentes hábitos, à alta expectativa de emagrecimento, à perda de peso e às mudanças implicadas no processo de deixar de ser obeso.

Portanto se você pretende fazer a cirurgia bariátrica ou conhece alguém, é importante que além do acompanhamento médico se faça o acompanhamento psicológico visando um melhor resultado da cirurgia na própria vida.