terça-feira, 24 de setembro de 2013

Psicologia e Cirurgia Bariátrica

De acordo com a Portaria 360 editada pelo SUS em 06/07/2005, e a Resolução CFM 1942/2010, faz-se necessário Avaliação Psicológica dos pacientes que se submeterão a gastroplastia. A obesidade é uma doença multifatorial que envolve componentes genéticos, metabólicos e endócrinos, comportamentais, sociais e psicológicos, é função do psicólogo investigar, orientar e preparar o paciente para:

1) Compreender intelectualmente e psicologicamente todos os aspectos envolvidos no pré, trans e pós-operatório, bem como viabilizar suporte familiar constante;
2) Comprometer-se a seguir todas as orientações clínicas e psicológicas, as quais devem ser mantidas indefinidamente;
3) Verificar a ausência de distúrbios psicológicos graves, história recente de tentativa de suicídio, alcoolismo, dependência química.

As cirurgias antiobesidade são procedimentos de alta complexidade. A obesidade é identificada pelo acúmulo de gordura - de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) é diagnosticada pelo cálculo do “Índice de Massa Corporal”. Este é um padrão reconhecido internacionalmente, determinado pela divisão do peso (Kg) pela altura (M²) ao quadrado. Quando este índice (IMC) estiver entre 35 e 39.9, temos pacientes com obesidade moderada. Entre 40 e 49,9, considera-se obesidade mórbida. Nos casos que for igual ou superior a 50, denomina-se superobeso. Pacientes com índice variando entre 35 e 39,9 podem submeter-se a gastroplastia quando apresentarem: problemas cardíacos, apneia do sono, osteoartrites ou artralgias, hipertensão, dislipidemias e diabetes tipo II, entre outras.

Essas dificuldades de natureza psicológica podem estar presentes entre os fatores determinantes da obesidade exógena (reativa), ou entre as conseqüências, na obesidade endógena ou de desenvolvimento em que a pessoa apresenta excesso de peso desde o começo da vida e tende a vivenciar e a confundir os mais variados desejos com necessidade de alimento. Seu emocional é abalado pelas dificuldades, limitações e sofrimento por ser obeso. 

A avaliação e o trabalho psicológico pré e pós-operatório são de fundamental importância. Muitos pacientes resistem ao atendimento psicológico na etapa pré-cirúrgica, alegando não ter necessidade, pois já estão decididos. O atendimento psicológico não visa a convencer ninguém a fazer a gastroplastia e sim preparar essa pessoa, para que possa passar pelo processo cirúrgico e, conseqüentemente, de emagrecimento, de forma saudável e tranqüila. Também não cabe ao psicólogo o impedimento da realização da cirurgia, mas o de prepará-lo pra essa mudança não só corporal como de vida.

Na maioria das vezes o paciente não percebe a necessidade do acompanhamento psicológico, mesmo apresentando seu emocional abalado. Esse nível de ansiedade precisa ser diminuído, é um processo que deve acontecer com calma, já que a cirurgia bariátrica não afeta apenas o estômago, como também a mente e o emocional do paciente, envolvendo a formação de uma nova identidade em que precisará construir uma nova relação com a comida e com o meio, nas relações e nos papéis desempenhados por estes. 

No pré-operatório é importante a reflexão por parte do paciente e terapeuta a respeito da obesidade, das expectativas em relação à cirurgia, dos riscos, benefícios esperados, além de fornecer informações sobre do procedimento pelo qual irá se submeter, orientá-lo e direcioná-lo para que o emagrecimento ocorra de forma saudável e tranquila, sem desestruturá-lo psicologicamente e emocionalmente. Por outro lado, no pós-operatório, o trabalho é voltado à nova fase de adaptação a diferentes hábitos, à alta expectativa de emagrecimento, à perda de peso e às mudanças implicadas no processo de deixar de ser obeso.

Portanto se você pretende fazer a cirurgia bariátrica ou conhece alguém, é importante que além do acompanhamento médico se faça o acompanhamento psicológico visando um melhor resultado da cirurgia na própria vida.




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