O aborto é um tema de corrente debate na sociedade. Ele refere-se às discussões e
controvérsias que envolvem a situação moral, ética
e legal da prática. Discussões
sobre essa temática são, geralmente polêmicas, já que é um assunto complexo e
delicado.
No Brasil, o
aborto é considerado crime em quase todos os casos, não sendo entretanto punido
se realizado pelo médico em duas circunstâncias: se a gestação
foi originada por meio de um estupro ou se não há outro meio de salvar a vida da mulher,
gravidez de risco. No país, há grande mobilização contra o
aborto, por causa de sua maioria cristã, que condena a prática sob o
argumento de que a vida do
indivíduo começa na fecundação.
Por algumas vezes, já se foi tentado fazer um plebiscito
para consultar a população, mas sempre sob fortes críticas, nenhum projeto
desenvolveu-se significativamente.
No Brasil, o aborto é
tipificado como crime
contra a vida humana
pelo Código Penal Brasileiro, em vigor desde 1984, prevendo detenção
de um a quatro anos, em caso de aborto com o consentimento da mulher, e de três
a dez anos para quem o fizer sem consentimento. Porém, não é qualificado como
crime quando praticado por médico capacitado em três situações: quando há risco
de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gravidez é resultante de
um estupro
ou se o feto for anencefálico (desde decisão do STF pela ADPF 54,
votada em 2012, que descreve a prática como "parto antecipado" para
fim terapêutico). Nesses casos, o governo
Brasileiro fornece gratuitamente o aborto legal pelo Sistema Único de Saúde. Essa permissão
para abortar não significa uma exceção ao ato criminoso, mas sim uma escusa absolutória. Também não é considerado
crime o aborto realizado fora do território nacional do Brasil, sendo possível
realizá-lo em países que permitem a prática.
Existe
grande esforço por parte da população considerada pró-escolha
de tornar legal o aborto no Brasil como escolha da gestante, sendo um dos argumentos
utilizados o de que manter a prática ilegal não evita que o aborto seja
realizado mas faz com que as mulheres recorram a meios alternativos e inseguros
de fazê-lo. Porém, a maior parte da população do país declara ser contra a
prática, concordando com a situação atual. Existe ainda quem queira a sua
proibição em todos os casos.
No
início de 2012, um grupo de juristas elaborou um anteprojeto para o novo Código
Penal brasileiro em que o aborto se torna legal em outras situações além dos
três casos já permitidos, estupro, risco de vida à mulher e feto anencefálico.
As mudanças ainda não foram para votação e serão transformadas em projeto de
lei. Apesar de aumentar os casos em que a mulher pode abortar, os
juristas decidiram por manter proibida a interrupção voluntária da gravidez sem
causa explícita. Além de alterar a legislação sobre o aborto no país, o
projeto prevê a alteração da lei sobre a eutanásia.
Os
casos em que o aborto seria permitido são, além dos casos já previstos em lei:
- Quando a mulher sofrer inseminação artificial sem o seu
consentimento.
- Quando o feto
for anencéfalo
ou tiver grave doença de formação que o tornará inviável, caso ainda em análise pelo STF.
- Por escolha da gestante, mas com a
confirmação do médico de que a mulher não tem condições mentais de arcar
com a gravidez.
As
estimativas do Ministério da Saúde apontam a ocorrência
entre 729 mil e 1,25 milhão de abortos ao ano no Brasil. Essa estimativa é
altamente especulativa, pois a maioria dos abortos acontecem de forma
clandestina e, por isso, não contabilizados, e há divergência com diversas
outras fontes não-governamentais quanto ao número real de procedimentos
realizados. Cerca de um terço das mulheres que passaram por procedimentos
ilegais de aborto procuram assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde
devido a complicações decorrentes de falta de higiene ou abortos feitos de
forma incorreta, seja por introdução de objetos na vagina para provocar o
aborto, uso inapropriado de medicação abortiva ou expulsão incompleta. Grande
parte dessas, porém, não revela, por ser crime, que se submeteu a uma
interrupção voluntária da gravidez e alega ter passado por um aborto espontâneo. O Ministério da Saúde afirma
que pelo menos 250 mulheres morrem, anualmente, em decorrência do aborto
ilegal, outras tantas, porém, acabam com sequelas, por vezes irreversíveis,
causadas pela introdução de objetos não-esterilizados na vagina, o que
pode causar infecções graves e esterilidade,
sendo por isso reconhecido como um problema sério de saúde pública.
O
misoprostol, cujo nome comercial mais difundido é Cytotec, do laboratório Searle, é o medicamento
mais comum no Brasil para a prática da interrupção voluntária da gravidez.
Entrou no mercado brasileiro em 1984 para o tratamento de úlcera gástrica e duodenal. Foi
comercializado normalmente com permissão da Anvisa até que
seu uso abortivo fosse constatado. Em 1991, para evitar essa
utilização do medicamento, o Ministério da Saúde restringiu a venda apenas com
retenção da receita. Com a constatação do alto número de vendas, apesar de
necessária a apresentação da receita, o Ministério da Saúde, em 1998 proibiu a sua venda
em farmácias, permitindo-o somente para ser usado em hospitais cadastrados pela
Anvisa.
Foi
constatado que o medicamento podia causar má-formação fetal, quando utilizado
ineficazmente no primeiro trimestre da gestação. Outros foram realizados no
Brasil e confirmaram a relação verdadeira. O uso incorreto do medicamento
também traz riscos à saúde materna. Os efeitos colaterais relatados mais comum
são diarreias, vômitos e elevação da pressão arterial.
A católica
CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, é um dos órgãos mais envolvidos
com o movimento pró-vida no Brasil. Ela luta ativamente contra qualquer
modificação na legislação que possa aumentar o número de
casos em que a interrupção da gravidez é permitida, discordando inclusive da
legislação vigente que permite o aborto em apenas três casos, estupro, risco de
vida da mulher e feto anencéfalo. Ela age através de campanhas nacionais, notas
políticas e movimentação de seus fiéis.
A
bancada evangélica, que defende os interesses das igrejas pentecostais, tem grande influência
política e é muitas vezes responsável pelo embargo de projetos sobre o aborto.
Também tem histórico de pressionar os presidentes e ministros.
Querem o enrijecimento da lei sobre o aborto, algumas vezes pedindo a sua
proibição em todos os casos ou o aumento das penas. Apesar de existirem
rivalidades, católicos e evangélicos
costumam fazer alianças políticas quando se trata de aborto.
A
maior parte dos protestos e reivindicações pró-escolhas
no Brasil partem de diferentes grupos feministas.
E fato
que a educação sexual e a promoção de saúde como; atendimento médico mais
acessível, incluindo ai o acompanhamento familiar e psicológico, podem ser
capazes de contornar consideravelmente essa questão.
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