Historicamente podemos observar as diversas manifestações do amor, nas diferentes épocas da humanidade. O termo ‘amor’ tem sua origem etimológica no período greco-romano, o termo ‘a’ significa sem; e o ‘mors’ é equivalente a morte. Demonstrando a ideia de que o amor está para além da morte, direcionando-se para a eternidade, em outras palavras o amor não foi feito para morrer. Já a palavra paixão, tem sua origem etimológica ‘pathos’, substantivo a partir do verbo grego ‘páskhein’, corresponde ao que atualmente concebemos enquanto sofrer. Remetendo-nos a ideia de que a paixão está relacionada a muitas dores.
O trajeto que o amor fez através dos tempos pode nos ajudar a entender como este sentimento sempre esteve presente nas construções culturais e ocupou espaço de grande importância nas relações humanas, sem a necessidade de ser entendido ou dimensionado. De um jeito ou de outro, ele se fez presente.
Os primeiros registros que temos a respeito do amor são datados na pré-história aproximadamente 1.600.000 a.C. a 4.000 a.C. nesta época a mulher disponibilizava a exclusividade do útero em troca da proteção e suprimentos que o homem podia prover.
Na idade antiga que foi de 4.000 A.C a 476 d.C. temos as primeiras civilizações a utilizarem a escrita como manifestação de linguagem, foi nesta época que se começou a desenhar a sociedade como conhecemos hoje, um exemplo foi o nascimento da filosofia ocidental. No Egito cânticos amorosos foram retratados através de papiros e o amor já era descrito como um esmagamento do eu, se comparando a uma espécie de dor. Segundo Joppert (1979) na china durante a dinastia Shang, foram escritos os primeiros poemas de amor.
Já no período Greco-romano, um dos mais importantes para o desenvolvimento da sociedade como conhecemos, o amor começou a ser objeto de reflexão através dos filósofos. Hesíodo filósofo grego, em sua obra Teogonia conhecida como genealogia dos deuses, faz referencia a Eros, deus do amor, desde o período da criação. “primeiro nasceu o caos, a terra ampla, e Eros...” esta passagem nos mostra que desde o principio da humanidade, o amor era responsável pela felicidade e sentido dado a vida, ele surgiu do caos e trouxe a ordem. Em contra partida o amor-paixão e o desejo sexual, destruíram impérios durante todos os relatos amorosos da nossa história. A própria Cleópatra foi prova disso, sua luxúria provocou a decadência do Império Romano.
O verbo utilizado na Grécia antiga era erô, e este não significava eu amo, nem eu me apaixono, que é como entendemos hoje em dia essa expressão. O verbo erô tinha um aspecto dinâmico. Quando os gregos o pronunciavam, eles queriam dizer eu “desejo”, significava cobiçar com toda alma o que faz falta. Entendemos, portanto que é uma necessidade psíquica que buscava a satisfação máxima.
Na idade média que foi de 476 d.C a 1.453 d.C o amor teve uma conotação judaica-cristã aonde o amor ao próximo e a Deus eram uma proteção ao homem. O amor-paixão era tido como pecado e não fazia parte das relações matrimoniais. O casamento era um mecanismo de sustentação do modelo social vigente e da reprodução humana. Foi a época do iluminismo, eles se consideravam iluminados, porém vigoravam as trevas.
Ainda durante a idade média o feudalismo instaurou uma nova modalidade de amor, o amor-cortês, que embora tenha tido suas primeiras manifestações séculos antes, se solidificou nesta época. Os senhores usavam as mulheres e o amor para subordinar os homens, o matrimônio tinha fins comerciais e econômicos.
No renascimento e idade moderna, que foi de 1.453 d.C e 1.789 d.C, a nobreza sofre um enriquecimento e o medo de que as fortunas fossem dissipadas com os casamentos dos filhos vai diminuindo, eles passam a ter mais liberdade em seus relacionamentos, o amor romântico começa a se reestabelecer.
A idade contemporânea que engloba de 1789 d.C. até nossos dias, acompanhamos muitos avanços na esfera do amor. Ele passou a fazer parte dos casamentos e a ser objeto de estudo da ciência, é nesta ultima etapa em que se encontram os acontecimentos mais interessantes na esfera do amor.
De todo modo o amor dos nossos antepassados é muito semelhante ao nosso, as formas de manifestá-lo mudam junto com o social e cultural, mas o amor ainda possui a mesma finalidade. Em sua vertente simbólica, revela um esforço, sempre precário, de fazer frente ao real da falta.
Se desejar saber e entender mais sobre o seu jeito de amar, o processo terapêutico junto a um psicólogo pode ser de fundamental ajudar.
Muito bom!
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