terça-feira, 16 de julho de 2013

Violência contra a mulher

Estou presente no XXXIV Congresso Interamericano de Psicologia, em Brasília, q se iniciou ontem e vai até a próxima sexta-feira (19). Hoje apresento meu trabalho sobre violência contra a mulher, onde traço um perfil destas no município em que resido. Aproveito para compartilhar com vocês o resumo do meu trabalho também como forma de chamar a reflexão da situação de violência contra a mulher.

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: UM PERFIL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES


INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde define violência como a “imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Porém os especialistas afirmam que a definição é muito mais ampla e diversificada. É visível na sociedade a execução e ampliação da violência contra a mulher, tendo todas suas tipologias entrelaçadas.
A expressão ‘violência contra a mulher’ foi adotada pelo movimento feminista há pouco mais de vinte anos. Tal expressão refere-se as diversas situações de violência vivida pelas mulheres, tais como violência psicológica, física, sexual, tráfico de mulheres, mutilação genital feminina, etc. Com uma maior independência da mulher e autonomia desta na participação social, acreditamos ser inaceitável que a mulher ainda se submeta as atitudes agressivas do companheiro ou de qualquer outro agente sem que busque seus direitos evitando a repetição e normatização dos casos de violência. O uso da violência física perpetrada pelo marido companheiro ou outro familiar, mais do que por um desconhecido, tem sido apontado como a principal agressão exercida contra a mulher, o que não quer dizer que essa violência não ocorra sem articulação com as demais.

MÉTODO

Utilizou-se de métodos quantitativos e qualitativos. Enquanto quantitativo utilizou-se dados do RQM (Relatório Quantitativo Mensal) elaborado pelo próprio CREAS III, na parte qualitativa da pesquisa realizou-se um grupo focal, com análise de conteúdo, com usuárias do CREAS III que se voluntariaram. Como critério de inclusão, todas as mulheres entre 18 e 65 anos, voluntárias foram sujeitos da pesquisa. Foi fator principal a vivência em situação de violência por essas mulheres.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A mulher violentada sofre atravessamentos diversos, podemos destacar particularmente o lado emocional. Pode-se ver o quão construído socialmente é a soberania masculina, com um poder de dominação sobre as mulheres de origens antigas e mantidas por fortes processos históricos. Vê-se que nesse processo de violência a mulher acaba por se anular enquanto sujeito e enquanto possuidora de uma identidade e de uma autonomia de vida. Sua relação se baseia no medo, na coação e na submissão exercidas pelo agressor. Sabe-se que há um lado subjetivo muito forte dentro das relações de poder e que compõem intensamente a situação de violência.
Alguns dos resultados apontam para 199 novos atendimentos no CREAS III no primeiro semestre de 2012, sendo destes casos 39 reincidências e 5 revitimizações. Desse total 156 foram atendidos devido a encaminhamentos e apenas 20 fizeram registro de ocorrência. Em 166 casos as agressões ocorreram em âmbito doméstico. Na maioria dos casos crianças e adolescentes presenciaram o ato de violência, também havendo relatos em que foram alvo das agressões. A violência psicológica foi amplamente identificada (136 casos), seguida da violência física (78 casos) e sexual (13 casos).
CONCLUSÕES
É a psicologia, portanto, que vai poder dar conta desse campo subjetivo, onde além de uma agressão, de um fato, há um fenômeno social e familiar. É essencial o entendimento do contexto, estas mulheres não estão apenas denunciando seu agressor. Denunciam o pai de seus filhos, o provedor, o companheiro. Há uma teia relacional com o agressor. Por ser um tema vasto, é necessário novos estudos com relação ao tema. Estudos no que tangem os aspectos subjetivos implicados na situação de violência doméstica e/ou familiar. São relevantes afim de alimentar novas e atuais práticas e embasar os trabalhos realizados pelos psicólogos que atuam no campo das violências. É importante ressaltar a necessidade de uma formação específica além da psicologia jurídica, principalmente pelo campo da violência contra a mulher ser rico de detalhes e estar atravessado a todo o momento por outros campos.









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