Quem de nós já não
viveu uma situação de perda na vida? Com certeza todos já passamos por
situações assim. Pode ter sido a perda de um ente querido por falecimento, por
viagem, por separação, por ausência da consciência, por uma desavença, dentre
tantos outros motivos. Este é um dos tipos de perda. Existem outros, tais como:
perda da saúde, perda do emprego, perda do funcionamento de algum órgão do
corpo, perda de um animal de estimação, perda da liberdade, perda de um objeto
de estimação, perda da identidade, perda da fé, dentre tantos outros. Perder
faz parte do ciclo normal da vida.
Você sabia que assim que nascemos já estamos
perdendo algo? É isso mesmo. Ao nascer, deixamos de ocupar aquele lugarzinho
acolhedor e protetor que é o útero materno. Por isso, é fundamental romper o
cordão umbilical com a figura materna para que a vida tenha continuidade.
Ao longo de nossa vida vamos perdendo uma série
de coisas para podermos conquistar outras. Alguns exemplos: perda do seio
materno em troca da mamadeira e desta para nossa autonomia em nos alimentar.
Perda do colinho gostoso para podermos andar sozinhos e chegar onde quisermos,
independentemente. Para cada perda, há sempre um ganho!
Cada pessoa lida com a perda de uma maneira peculiar:
alguns reprimem, outros seguem a vida e aparentam estarem muito bem. Outros
ainda questionam os motivos da perda, querendo colocar lógica e/ou motivo. Há
também os práticos, que mesmo diante da perda não param de agir. Outros se
prendem no “e se…”, ou “como eu queria…”, “como eu gostaria de…”, “eu ia…”.
Paralisados em um momento anterior (longínquo ou não) que faria toda diferença.
Todas essas são maneiras de conviver com a perda.
A perda, que faz parte da vida desde o
nascimento, faz com que reflitamos: só podemos viver, progredir, conquistar o
mundo na medida em que abandonamos determinados lugares, determinadas
situações, determinadas pessoas, determinados princípios e conceitos.
Então, por que sofremos tanto diante de uma
perda? Há um processo na Psicologia que nomeamos de enlutamento, que pode ser
definido como uma série de reações que são normais diante de qualquer perda que
sofremos. De acordo com o psicólogo José Paulo da Fonseca, esses são os
momentos do enlutamento:
1) Choque: é o abalo , o desespero e
atordoamento, entorpecimento, confusão que nos acomete ao receber uma notícia
de perda. Daí podem reagir com apatia ou com agitação.
2) Negação: é a descrença na notícia ou
no fato. A pessoa não acredita no que aconteceu. Trata-se, aqui, de uma defesa
psicológica para fortalecimento da pessoa para ela poder dar continuidade.
3) Ambivalência: é a dúvida que a
pessoa fica entre a aceitação e a não aceitação da notícia ou do fato.
4) Revolta: aqui a pessoa já acreditou
na notícia ou no fato e fica revoltada com a situação, com as pessoas e até
mesmo com Deus.
5) Barganha: é uma tentativa de
conseguir de volta aquilo que foi perdido. Geralmente esta reação é dirigida a
Deus.
6) Depressão: é uma profunda tristeza,
que varia de acordo com o tipo e intensidade de apego que a gente tem com a
pessoa ou situação de perda.
7) Aceitação e Adaptação: é quando a
pessoa percebe que não tem mais jeito, que ocorreu mesmo a perda e a vida
precisa continuar.
Sempre que perdemos algo ou alguém valoroso a
nós, passamos por todas essas etapas. Caso a pessoa não se permita vivenciar
uma parte desse processo, está se manifestará de uma maneira danosa, como a
psicossomatização, por exemplo. (Psicossomatização é uma reação temporária
provocada por um acontecimento muito forte na vida do indivíduo e que o tenha
deixado em estado de choque, ao ponto do organismo preparar uma resposta
orgânica simbólica, ou seja, adoecer).
Aceitar o tempo de sorrir e o tempo de chorar é
fundamental. Negar a dor é ruim. É o mesmo que negar a própria vida. A dor é
passageira. O sofrimento tem cura.
Se você considera que
pode estar em risco de sofrer desta incapacidade de resolução da perda, ou
conhecer alguém que pode estar nesta situação e considera importante partilhar
isso com alguém exterior a família ou amigos, pode buscar auxilio de um
profissional, de um psicólogo para superar essa fase.
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