A psicologia encontra-se no centro de um grande debate, que pode se ramificar em
vários questionamentos além do assunto principal. Está na pauta de amanhã (08/05/2013)
da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados, o Projeto de Decreto Legislativo 234/11, mais conhecido
como “projeto de cura gay”. O projeto surgiu na Comissão de Seguridade Social e
Família e é de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), tal proposta pretende
suprimir parte de uma resolução do CFP de 1999, que pretende coibir as chamadas
“terapias de reversão”, que propõem a cura da homossexualidade.
Segundo a resolução CFP 001/1999 em seu art. 2º “Os
psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o
preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra
aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.”
Já faz 23 anos que a homossexualidade foi
retirado da lista internacional de doenças mentais da OMS. A psicologia entende
que esta não é uma doença, transtorno ou uma condição que possa ser revertida
ou modificada. Entende-se que é um componente da identidade do individuo.
É importante destacar que qualquer individuo pode
procurar um serviço de psicologia querendo reverter sua situação devido ao demasiado
sofrimento vivido, porém não é permito ao profissional de psicologia propor a
cura da homossexualidade, já que não há subsídios técnicos e científicos que a
comprovem, devendo entender esta como parte integrante da identidade do
sujeito. Além do CFP também o CFM (Conselho Federal de Medicina), a APA
(Associação Americana de Psiquiatria) e a OMS (Organização Mundial de Saúde)
não entendem a homossexualidade como uma doença ou transtorno, e condenam
praticas que afirmem e usem a cura e/ou reversão da orientação sexual.
Mais do que normatizar, os conselhos visam
minimizar a interferência de ideologias culturais, religiosas, familiares nos atendimentos
realizados aos usuários. Deve-se abster, nos atendimentos, de quaisquer
paradigmas e ideologias pessoais, prevalecendo o respeito pelo sujeito em
sofrimento e as suas questões.
Toda essa situação vai além do ‘tratamento’
psicológico de homossexuais. Há uma interferência política, e porque não dizer,
religiosa, dentro de um Conselho Federal que tem por legislação autonomia para
gerir seu código de ética e suas resoluções, pautando e embasando seus
profissionais na atuação.
“Não há cura para quem não está doente. O
sofrimento psíquico derivado de situações relacionadas a orientação sexual
deve-se a nossa intolerância. E é isso que precisa ser cuidado.” - Carla Bianca Angelucci – Psicóloga e Conselheira
do CRP-SP
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