Quantas vezes já ouvimos um amigo ou nós
mesmos proclamamos a plenos pulmões a expressão “o amor é uma dor”. Ter
relações onde o que se da é diferente do que se recebe é algo muito comum e não
deveria causar tanto sofrimento, porem não é o que acontece. Relações dolorosas
são algo que a maioria experimenta com frequência enquanto outro grupo parece ser
muito feliz nesse campo da vida.
Primeiro vamos ressaltar que amar é
algo que acontece naturalmente como resultado do contato com o outro, sendo
assim, quando estando “bem ajustados” ao meio social vamos amar mais cedo ou
tarde. É claro que as formas de expressar esse amor não são tão naturais, elas
são construídas e variam de cultura para cultura e de pessoa para pessoa.
Sendo assim cada um tem um jeito de
amar e ama por uma razão, neste ponto é começa a complicação sobre o amor. Temos
por um lado nossa forma de amar e do outro a maneira como a nossa cultura
define o amor e o padroniza. Qualquer comportamento diferente não é considerado
amor, já que ele em nossa cultura deve ser bonito, sempre repleto de altruísmo e
sacrifícios, representado constantemente pela fidelidade e sinceridade.
É muito comum recebermos amor de uma
forma que não reconhecemos, logo passamos a exigir das pessoas um amor parecido
com o nosso, quando tudo que pedíamos antes era um amor, não importando sua
forma. Muitos recebem amor e não reconhecem sua legitimidade até o dia que se
vai.
Neste ponto amar não só começa a se
tornar uma tarefa árdua como também uma dor. Vivemos uma sociedade tão mutável
que tentar definir um sentimento que por essência não se defini, é no mínimo cruel.
Amamos para satisfazer nossos desejos e aplacarmos a angustia de nossas
questões, amamos para encontrar sentidos aonde não existe.
Falando de forma prática ajustar nosso
amor ao que é padronizado pode ser negar a nós mesmo a realização de um desejo,
resultando em um grande sofrimento psíquico ou no caso uma “dor”. Teorizar o
amor é tão difícil quanto vivencia-lo de forma satisfatória nos dias de hoje,
no entanto em futuros textos falarei mais sobre as dificuldades de amar em uma
época que todos querem, mas poucos parecem conseguir.
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