Existe diferença? Como identificar?
O sentimento de tristeza é comum a todos nós e podemos
vivenciá-lo diversas vezes em um dia, o que é normal a todas as pessoas, porém,
algumas vezes, ele pode acabar virando um transtorno. É muito comum escutarmos
casos de parentes ou amigos que sofrem de depressão, ou até nós mesmo
acreditamos estar sofrendo tal transtorno. Mas como saber se o que estamos
vivendo é uma depressão profunda ou um estado melancólico?
Muitos profissionais identificam a melancolia como sendo um dos
sintomas da depressão, porém, existem diferenças entre os dois, nem toda
melancolia é um estado depressivo. Na melancolia a falta de interesse é uma
característica marcante, o melancólico mergulha no próprio sofrimento numa busca
por si mesmo. A sociedade atual não permite nem entende esse estado de espirito
e logo chama essas pessoas de depressivas.
Para entender melhor vamos considerar o papel do luto neste
processo. Muitos acreditam que vivemos o luto na morte de alguém, mas ele é um
estado que vivenciamos todo o dia. O luto é um estado de espirito que
experimentamos toda vez que perdemos algo, é aquela sensação de “digerir” algo
ruim que aconteceu durante o dia, umas pessoas levam mais tempo do que outras
para fazer isso. Então se no luto sofremos porque perdemos alguma coisa, na
melancolia o que se perde é a
própria pessoa.
A pessoa melancólica sente como se não pudesse fazer nada para
resolver a situação, até por que a maioria não sente vontade de fazer mais
nada. Perde a vontade de comer, levantar da cama, conversar com os outros, tem
dificuldade para realizar suas tarefas, persistem em ter pensamentos negativos,
possui sentimentos de culpa e tem perda de desejo sexual.
Todos esses sintomas estão presentes na depressão, por isso
muitos têm dificuldade em diferenciar. A depressão inclui a irritabilidade e
ansiedade em seu quadro, trazendo com elas uma série de outros problemas de
aspectos físicos e mentais.
A sociedade atual vê o homem como uma máquina e tenta tornar as
pessoas cada vez mais iguais umas as outras, tirando a singularidade e os
desejos. Podemos ver a melancolia como uma expressão de singularidade, uma
busca por si e por um desejo que substitua o vazio. Por isso é perigoso que
melancólicos sejam diagnosticados como depressivos e recebam um excesso de
tratamento medicamentoso.
Se, há anos atrás, as pessoas não sabiam como realizar seus
desejos, hoje elas nem sabem o que desejam. Existem medicamentos e psicoterapia
que auxiliam no tratamento da depressão e da melancolia, porém o mais
importante é o desejo do paciente, esta sim é a parte mais importante de
qualquer tratamento.
Tiago Cavalcanti - Email: tiocavalcanti@gmail.com
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