segunda-feira, 17 de junho de 2013

Melancolia ou Depressão?

Existe diferença? Como identificar?

O sentimento de tristeza é comum a todos nós e podemos vivenciá-lo diversas vezes em um dia, o que é normal a todas as pessoas, porém, algumas vezes, ele pode acabar virando um transtorno. É muito comum escutarmos casos de parentes ou amigos que sofrem de depressão, ou até nós mesmo acreditamos estar sofrendo tal transtorno. Mas como saber se o que estamos vivendo é uma depressão profunda ou um estado melancólico?

Muitos profissionais identificam a melancolia como sendo um dos sintomas da depressão, porém, existem diferenças entre os dois, nem toda melancolia é um estado depressivo. Na melancolia a falta de interesse é uma característica marcante, o melancólico mergulha no próprio sofrimento numa busca por si mesmo. A sociedade atual não permite nem entende esse estado de espirito e logo chama essas pessoas de depressivas.

Para entender melhor vamos considerar o papel do luto neste processo. Muitos acreditam que vivemos o luto na morte de alguém, mas ele é um estado que vivenciamos todo o dia. O luto é um estado de espirito que experimentamos toda vez que perdemos algo, é aquela sensação de “digerir” algo ruim que aconteceu durante o dia, umas pessoas levam mais tempo do que outras para fazer isso. Então se no luto sofremos porque perdemos alguma coisa, na melancolia o que se perde é a própria pessoa.

A pessoa melancólica sente como se não pudesse fazer nada para resolver a situação, até por que a maioria não sente vontade de fazer mais nada. Perde a vontade de comer, levantar da cama, conversar com os outros, tem dificuldade para realizar suas tarefas, persistem em ter pensamentos negativos, possui sentimentos de culpa e tem perda de desejo sexual.

Todos esses sintomas estão presentes na depressão, por isso muitos têm dificuldade em diferenciar. A depressão inclui a irritabilidade e ansiedade em seu quadro, trazendo com elas uma série de outros problemas de aspectos físicos e mentais.

A sociedade atual vê o homem como uma máquina e tenta tornar as pessoas cada vez mais iguais umas as outras, tirando a singularidade e os desejos. Podemos ver a melancolia como uma expressão de singularidade, uma busca por si e por um desejo que substitua o vazio. Por isso é perigoso que melancólicos sejam diagnosticados como depressivos e recebam um excesso de tratamento medicamentoso.

Se, há anos atrás, as pessoas não sabiam como realizar seus desejos, hoje elas nem sabem o que desejam. Existem medicamentos e psicoterapia que auxiliam no tratamento da depressão e da melancolia, porém o mais importante é o desejo do paciente, esta sim é a parte mais importante de qualquer tratamento.


Tiago Cavalcanti - Email: tiocavalcanti@gmail.com

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